Os habitantes de Dünya ainda sofrem os
horrores deixados pela Longa Guerra. Mesmo depois de tantos anos, a mais
simples ameaça de um novo desentendimento pode fazer com que alianças e pactos
improváveis sejam selados. A Face dos Deuses, primeiro volume da série As Crônicas da Aurora, do autor Gleyzer Wendrew, inicia em meio a conflitos em iminência de explosão.
Sinopse: A Face dos Deuses ultrapassa a linha imaginária que delimita o campo de batalha, penetrando profundamente na carne exposta da dor e do sofrimento de quem sobreviveu à guerra… O que fazer, para onde ir e como continuar, quando todas as pessoas que você amava foram tiradas para sempre de você?
A guerra que deixa sobreviventes, deixa também vencedores? Para ato tão bárbaro e desumano não existe vitória. Todos já perderam.
O livro te transporta para um mundo onde apenas o sentimento de vingança queima dentro do peito e os deuses silenciosos assistem ao espetáculo da tragédia com suas faces misteriosas...
O livro te transporta para um mundo onde apenas o sentimento de vingança queima dentro do peito e os deuses silenciosos assistem ao espetáculo da tragédia com suas faces misteriosas...
Quando Heros Kinnhäert, rei de Mäaen,
decidiu ignorar as inúmeras cartas de Kazoya Vennian para ajudá-lo a encontrar
o Tesouro de Venn, desaparecido há nove meses, ele não imaginava que estaria
traçando o destino de sua própria família e também de seu povo.
Tarde demais, ele percebe que Kazoya
faria o possível e o impossível para encontrar a isäh Soraya, sua filha,
inclusive selar um acordo com o cruel general vatriano Cleyo Blo'Siänkh. Quando
Cleyo informa que não somente casará a isäh com seu filho Mäthias, unindo de
vez os povos que antes quase se aniquilaram na Longa Guerra, virando-se desta
vez contra Maäen, caso o Kennëg se oponha, mas que também, como termo do
acordo, levará para ser criado em Vatra seu filho mais novo, o O’kennëg Antau,
Heros se vê novamente em uma teia de conspirações e intrigas que ao menor sinal
de fracasso, poderá terminar de vez com tudo que reconstruiu após a última
guerra.
Vatra, localizado no norte do
continente, é um país sombrio, onde a luz de Sühnt, o deus-sol, nunca chega.
Habitado por adoradores de Fyaär, deus do ódio, o país é conhecido pela grande
brutalidade de seu povo, que pratica a maldade apenas por devoção a seu deus.
As três maiores Famílias de Vatra são
quem governam o lugar, os vatrianos nascem com um losango na testa, denominada “dádiva de Fyaär”, ou “brilho de fogo”
que queima em sua testa de acordo com suas emoções. Os vatrianos que nascem sem
a dádiva são considerados infiéis.
“Após
a extinção dos antigos Mestres da Pena Negra, assim eram conhecidos os membros
da Família Bë’Goöf, e com o Pactos dos Três recém assinado, Blo’Siänkhs, Sh’Fäelns
e K’Voöks, uniram-se e deram início a um cerco contra Entia. Após quatro anos
de inúmeras tentativas fracassadas de invasão, os Fyaraänos, ao retornarem a
Vatra, além de exterminarem todas as tribos de hraoös que encontraram em seu
caminho, deixaram entre os dois países um tremendo rastro de crucificações.
Feita de pedra, a estrada carrega apenas sofrimento e destruição.”
“Sobre
Vatra: cultura e história”, p. 327,
Autor Desconhecido – Ano Desconhecido
Após a Longa Guerra, nenhum tratado de
paz foi selado entre Mäaen, Venn e Vatra, e apesar desse convívio aparentemente
pacífico, qualquer passo em falso nesse jogo poderá reabrir as cicatrizes de
que todos ainda se recuperam.
“Mentiras,
laços frágeis, falsas emoções e adagas traiçoeiras permeiam um mundo cercado de
religião, política e deuses misteriosos.”
Mais uma vez me deparo com uma história
na qual não sei, afinal, quem são os mocinhos e quem são os vilões. Apesar de
serem claros os objetivos e feitos de cada um, Gleyzer demonstra de cada ponto
de vista os motivos que fazem homens justos ou brutais procurarem vingança.
“No
norte, Koran K’Voöhk é um orgulhoso guerreiro que retorna à sua cidade após o
exílio que lhe foi imposto ainda garoto, e depara-se com a mais pura
decadência: sua Família está em declínio; seu castelo, abandonado aos ratos;
seus inimigos, ainda mais poderosos...Conseguirá ele reerguer o nome de sua
Família e recuperar o prestígio que ela um dia tivera?”
Intercalando os acontecimentos
ocorridos em Arthä capital de Maäen, Väll capital de Vatra, Akähm, capital de
Venn e também acompanhando o trajeto de Antau, partindo de seu lar no sul, com
destino a Vatra, no norte do continente, A Face dos Deuses é um livro
que considerei de um tipo quase “poético”. A escrita de Gleyzer é extremamente
rica e o cenário é descrito com tamanho cuidado, que um mundo complexo e muito
bem construído vai se formando em nossa imaginação.
Quando terminei a leitura, perguntei ao
autor se tudo isso havia mesmo existido algum tempo na história, e ao saber que
não, mais uma vez me perguntei se não existem, de fato, universos paralelos
onde essas histórias criadas sejam reais. Pois acho quase injusto um mundo tão bem criado existir apenas em nossa imaginação.
Sem obedecer uma ordem cronológica de
acontecimentos, os capítulos são narrados tanto no presente quanto no passado,
e não tenho outra palavra que resuma melhor esta história: Genial.
Tendo um apoio fortíssimo na religião,
os habitantes de Dünya veneram diferentes deuses, e é simplesmente incrível a
forma como suas emoções são representadas por eles.
“A
fome, a miséria e o caos imperavam numa capital que já vira dias melhores e
agora pensava em deitar-se sobre o declínio. O próprio Sürm parecia caminhar
onipotente pela cidade e a face de Vaäth era vista no rosto das pessoas.”
Vaäth
– A Obscura, deusa do medo e do desespero.
Sürm
– O Incógnito, deus do caos.
Com inspiração em Game of Thrones e outras histórias do gênero, A Face dos Deuses é
diferente de tudo que já li, um livro daqueles que terminam bem na hora “errada”
e o gosto de quero mais fica entalado após o término da leitura, pois Gleyzer
soube prender o leitor em um universo riquíssimo e cheio de ação.
“
A Fyaraäna dançava levemente de um lado para o outro enquanto desviava dos
ataques desajeitados. Suas espadas
pararam um, dois, três golpes antes de voltarem a atacar (...) Dois
metros de terra seca e poeira os separavam. A guerreira vatriana adotou sua
posição de ataque e se preparou para a última dança.”
Como qualquer história digna de finais “pqp!”, A Face dos Deuses encerra sua
apresentação de forma inesperada e cheia de mistérios a serem resolvidos. Entre eles, um me deixou com os nervos a flor da pele:
"Existe um antigo ditado nähfeno que diz: A Floresta Dokah devolve apenas os puros de coração."
E já sou a primeira a
aguardar fervorosamente a continuação.
Já digo como aviso que não pude contar nem a metade de toda a riqueza literária que o livro proporciona, existe uma lista de personagens importantes e muito bem construídos que infelizmente ficaram de fora, assim como lugares e fatos dessa história que são relatados ao longo da narrativa. Na verdade, não é fácil fazer jus a esta obra em uma resenha. O leitor deve embarcar a fundo nessa série que veio para conquistar os amantes de um bom livro de ação e reviravoltas astuciosas.
O livro conta com um mapa para podermos
nos localizar, o que adoro, já que fico olhando a todo momento onde determinado
personagem está. Além disso, um Apêndice é encontrado nas últimas páginas do
livro, dando significado a alguns termos da história. Os Brasões de todas as grandes
Famílias também encontram-se ali e a cronologia de todos os personagens e mais importantes
acontecimentos de Dünya podem ser acompanhados.
Uma obra completíssima e que merece se
difundir por todos os leitores que apreciam uma obra nacional de tirar o
fôlego.
Gleyzer está de parabéns pela sua escrita e merece alcançar o maior sucesso possível por onde passar, pois criou uma das histórias mais envolventes que já tive o prazer de conhecer, logo eu, que amo uma boa fantasia.
Autor: Gleyzer Wendrew
Ano: 2016 / Páginas: 180
Idioma: português
Editora: Kiron
Editora: Kiron
Encontre mais sobre o mundo de A Face dos Deuses no site As Crônicas da Aurora
Conheça um pouco sobre o autor
Gleyzer Wendrew nasceu no dia 19 de abril de 1992, em Brasília, cidade na qual cresceu e ainda reside. Embora formado em Administração de Empresas, curso do qual se orgulha, tem sua grande paixão na Filosofia de Nietzsche, na História Medieval europeia e asiática, e nas diversas mitologias espalhadas pelo mundo. Fã incondicional de J. R. R. Tolkien, Bernard Cornwell e George Martin, não tentaria excluir desta sua primeira obra os conhecimentos que adquiriu com os mestres da literatura fantástica. Atualmente se dedica a consolidar o universo criado enquanto escreve os outros 3 volumes da saga.
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