sábado, 30 de abril de 2016

Dom Casmurro

          A resenha de hoje é “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, um clássico da literatura nacional que, além de ainda ser sucesso, permanece na lista de leituras obrigatórias de muitos vestibulares.

            


Bentinho e Capitu são criados juntos e se apaixonam na adolescência. Mas a mãe dele, por força de uma promessa, decide enviá-lo ao seminário para que se torne padre. Lá o garoto conhece Escobar, de quem fica amigo íntimo. Algum tempo depois, tanto um como outro deixam a vida eclesiástica e se casam. Escobar com Sancha, e Bentinho com Capitu. Os dois casais vivem tranquilamente até a morte de Escobar, quando Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de sua esposa e percebe a assombrosa semelhança do filho Ezequiel com o ex-companheiro de seminário.


          Bento de Albuquerque Santiago (Bentinho) era órfão de pai e foi criado pela mãe Dona Glória, pelo padrinho José Dias e pelos tios Justina e Cosme.

"Casmurro não está aqui no sentido que lhes dão, mas no que lhe pôs o vulgo homem calado e metido consigo. Dom, veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo."

Capitolina Pádua (Capitu), com seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada, era muito provocante, apesar da aparência inocente.

“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei quanto fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.”

Narrada em primeira pessoa, pelo próprio Bentinho, agora um senhor maduro, a história se passa em meados do século XIX, no Rio de Janeiro.
Na adolescência, Bentinho e Capitu eram vizinhos na Rua de Mata-Cavalos e da amizade entre eles, nasceu uma paixão. Porém, o casal foi separado quando Bentinho, em razão de uma promessa da mãe, foi obrigado a ir para o seminário. 

        "A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante. Não esqueças que era a emoção do primeiro amor."

No seminário, Bentinho conheceu Ezequiel de Sousa Escobar, também seminarista, e que se tornou seu melhor amigo.

"Quando ele entrou na minha intimidade pedia-me freqüentemente explicações e repetições miúdas, e tinha memória para guardá-las todas, até as palavras. Talvez esta faculdade prejudicasse alguma outra."

Bentinho abandonou o seminário, estudou Direito e casou-se com Capitu. Após dois anos de casados, Bentinho lamenta o fato de ainda não terem filhos e é aconselhado pelo amigo Escobar e sua esposa, Sancha.
Quando, finalmente, Capitu engravida, o casal resolve batizar o filho de Ezequiel, em homenagem ao grande amigo de Bentinho.
Passados alguns anos, Bentinho começa a desconfiar que Capitu possa tê-lo traído. Ao ver uma foto de Escobar quando era jovem, Bentinho enxerga traços parecidos com o do seu filho Ezequiel. No enterro de Escobar, que morreu afogado, Capitu parece desesperada demais, aumentando as suspeitas de Bentinho.

"Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã."

Ezequiel torna-se cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho, consumido pelo ciúme, chega até a arquitetar os assassinatos do filho e da esposa e seu suicídio mas desiste do plano por não ter coragem suficiente para executá-lo.
Após a separação, Capitu viaja para a Europa com o filho, onde morre anos depois. Ezequiel retorna para o Brasil a fim de visitar o pai, o qual o acha ainda mais parecido com Escobar. Ezequiel parte para uma nova viagem e morre de febre tifóide.

"A voz era a mesma de Escobar, o sotaque era afrancesado. Expliquei-lhe que realmente pouco diferia do que era, e comecei um interrogatório para ter menos que falar e dominar assim a minha emoção. Mas isto mesmo dava animação à cara dele, e o meu colega do seminário ia ressurgindo cada vez mais do cemitério. Ei-lo aqui. diante de mim, com igual riso e maior respeito; total, o mesmo obséquio e a mesma graça." 

Imerso em suas dúvidas, Bentinho, apelidado de Casmurro por amigos e vizinhos, resolve escrever a história de sua vida: o romance Dom Casmurro.

"E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!"

Com seu estilo único de escrita, carregado de ironias, Machado de Assis conduz o enredo de forma leve e, por vezes, dúbia, cabendo ao leitor decidir se tudo não passou da imaginação provocada pelo ciúme que Bentinho sentia de Capitu ou se ela realmente o traiu.
Recomendo a leitura!



MINISSÉRIE
Para homenagear o centenário da morte de Machado de Assis, em 2008, a Rede Globo produziu, baseada no romance “Dom Casmurro”, a minissérie “Capitu”, com os atores Michel Melamed (Bentinho), Maria Fernanda Cândido (Capitu) e Pierre Baitelli (Escobar).




Título: Dom Casmurro

3 comentários

  1. Prova da fantástica literatura brasileira, e do grande talento de Machado de Assis. Sou louca para ver a minissérie, mas infelizmente não a encontro completa em nenhuma lugar 😢😢

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  2. Eu vi quando passou na Globo mas queria muito assistir de novo. No YouTube tem vários vídeos de capítulos da minissérie, acho que pode estar completa só tem que descobrir a ordem pra assistir

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  3. Já li esse livro na escola, uma ótima leitura. Você consegue entende bastante coisas da época em que se passa. Amei a resenha <3

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