segunda-feira, 27 de março de 2017

A Mais Bela Melodia


Eu queria ter um balão. Faria cópias e mais cópias de A Mais Bela Melodia e sairia pelo mundo, jogando páginas ao vento e deixando com que cada pessoa no mundo pegasse apenas uma página, uma frase ou uma cena. Existem livros que você não precisa chegar até o final para saber que vai ficar ali, gravado em cada pedacinho do coração que, aliás, ainda está apertadinho depois do fim dessa leitura.



Ativista ambiental ferrenha, Lorena Sanchez não faz o tipo simpática. Prova disso é a ausência de amigos na escola e também na vida. Mas Lorena não se importa em agradar ninguém, fazendo questão de esbanjar rebeldia e ironia por onde passa. O que ninguém sabe, é que Lorena esconde, sob a faixada de durona, as agressões de um pai que usa a imagem de bom pastor para esconder sua autoridade, crenças e preconceitos.

"Eu era filha de um monstro. Tinha picos de terror em mim também. Como poderia derrotar algo, se pedaço dele vivia dentro mim, o tempo inteiro? Mas não iria pensar nisso agora. Talvez em outro dia. Um dia menos frio e com uma lareira que me ajudasse a encontrar a luz do sol. Por agora, estava na hora de voltar para o escuro”.

Klaus Hunter é popular e provavelmente o melhor músico que Esperança poderia ter. Encontrou em Adônis, seu melhor amigo, o irmão e a família que nunca teve, pois abandonado pela mãe ainda na infância, convive com o Delegado da cidade, um pai distante que não soube lidar com o abandono da esposa.

Um incêndio na escola acaba fazendo com que Klaus salve a vida de Lorena e seus dias passam a se revezar entre favores devidos e guerras que atormentam toda a escola. E então Lorena é obrigada a entrar para o musical que Adônis, Samuel, Dominic e toda a turma de Klaus fazem parte.

Engana-se quem acredita que esse possa ser mais um livro onde o casal protagonista se odeia e o amor acontece no final da história. Tem disso, mas é apenas o começo do grande emaranhado que se tornam suas vidas. Mesmo opostos totalmente um ao outro, o universo conspira para a aproximação de Klaus e Lorena, ao mesmo tempo em que os problemas sociais desses dois núcleos familiares vão sendo jogados sem piedade para o leitor.

 “Eu não era uma das loiras patricinhas que desfilavam pela cidade com brincos de ouro comprado pelos pais e namoravam caras bonitos e de sorriso maquiado. Eu era a porra da filha de pastor que havia sido soldado e que tratava os filhos com experiência de guerra. Eu tinha mais machucados no meu corpo do que a maioria do exército do estado inteiro. Eu tinha cicatrizes na alma suficientes para montar uma história de arte bizarra. Não estava a fim de deixar ninguém entrar, porque quando a gente deixava, as pessoas iam e nos deixavam numa vala mais funda do que a que estávamos anteriormente. E eu não queria isso. Não de novo.”

É um misto de sentimentos inexplicável. É um romance imprevisível. Com um final arrebatador, que pela primeira vez na vida me deixou com medo de seguir em frente.

Se as escolhas para os adolescentes já são difíceis, imaginem quando você precisa escolher entre o amor da sua vida e seu futuro. Entre ir ou ficar. Entre salvar uma vida ou permitir que ela acabe se tornando apenas um eco de tudo que já foi. Às vezes parece que há apenas uma alternativa, e é então que Klaus, Adônis e Lorena se envolvem em escolhas difíceis e tomam decisões uns pelos outros, fazendo com que suas vidas tomem um rumo totalmente inesperado.

“Minha alma ainda doía, mas eu a consertaria. Faria o máximo de remendos possíveis, e continuaria a viver com ela costurada. Era isso que todos faziam diariamente, e era assim que eu faria.”

Psicologicamente falando, não resta muito raciocínio nem palavras para descrever essa história, que traz uma carga emocional enorme durante toda a narrativa. A forma como Carol escreve é simplesmente esplêndida! Como leitora, desejo do fundo do coração que ela alcance o maior número de leitores possíveis pelo mundo, A Mais Bela Melodia tem um roteiro tão perfeito, que não ficaria nada menos do que maravilhoso em uma tela de cinema. É uma pena nosso país não valorizar isso. Como futura escritora, peço aos céus que um dia me permita escrever com tanta vida através das palavras como Carol faz.


E-books disponíveis na Amazon: 


A autora

Nascida em Maceió, Carol Teles sempre soube que seu universo pessoal estaria relacionado aos livros. Assim, tentou, primeiro, exercer a profissão de professora, que não deu muito certo, passando, então, para a de bibliotecária e, atualmente, para a de agente de saúde, além de ser mãe, blogueira e escritora. Leitora compulsiva, tem mais livros em casa do que roupas no armário. Apaixonada por Tolkien e D’Avenia, aprendeu a ser uma boa observadora das pessoas e de fatos da vida. Foi assim que começou a escrever textos pequenos, na escola, até que, de acordo com ela, do nada lhe surgiu uma ideia, a qual logo vislumbrou que culminaria em um livro. Juntou essa intuição à sua segunda grande paixão artística, a música, criando A Mais Bela Melodia.


domingo, 12 de março de 2017

Vertygo, O suicídio de Lukas


Multiverso, Delírio ou Fantasia? 
Sincronicidade, Coincidência ou Destino? 
Universo Paralelo, Alucinação ou Fuga Da Realidade? 
– Bem Vindo À Vertygo – 
 

            Dica de leitura nacional pra quem adora mistério. Vertygo, O suicídio de Lukas, aborda, entre outros fenômenos da mente, a teoria da sincronicidade. Será que tudo que está para acontecer tem algum significado?





O livro de Marcus Deminco inicia com o que talvez seja uma das mais difíceis decisões sobre a vida, o suicídio. A que ponto da vida uma pessoa precisa chegar para precisar desistir? E o que faz com que algumas enfrentem tudo sem sequer pensar nessa hipótese?

Lukas de Castro decidiu que aos 33 anos já viveu o suficiente. Fato é que uma depressão tão grande tomou-lhe conta, que nem mais seus mais agradáveis passatempos conseguiam lhe alegrar. Parou de dar antroponímia na faculdade onde lecionava, deixou de lado seu cachimbo e seus discos de Jazz e permitiu somente que a vontade de morrer crescesse em seu interior.

Mas então, qual seria a melhor forma de morrer? Lukas sabia que deveria no mínimo ser de uma forma digna e sem falhas, e são nesses questionamentos que uma ideia lhe passa pela cabeça: 
“O que acontecerá com as faturas dos meus cartões de créditos quando eu morrer? Quem vai pagá-las?”

Com esse pensamento, Lukas decidiu que poderia ter, em seu último dia de vida, todo luxo que do qual se privara até aquele dia. Encomendou seu funeral, desfrutou de um bom almoço, comprou caras lembranças para seus entes queridos e partiu para um hotel de luxo de onde escolhera se jogar.

Mas Lukas, que havia usado seu conhecimento em antroponímia para ligar às "casualidades" do seu dia, não poderia imaginar a surpresa que o encontraria no quarto do hotel: 
Um belo Komboloi grego com a seguinte escrita cravejada: ΚαλώςήρθεςστοΒέρτιγκο (Bem vindo à VERTYGO)”.

A menção à enigmática ilha faz com que repentinamente Lukas mude, mesmo que temporariamente, seus planos, fazendo com que ele embarque em uma viagem alucinante em busca dos segredos de Vertygo.

Amo livros com temáticas diferentes, como é o caso de Vertygo. O autor usa de um certo suspense já na sinopse, nos inserindo profundamente dentro dos sentimentos e pensamentos do personagem. Sabemos que há um mistério nessa trajetória até a ilha, mas a surpresa no final é inimaginável. Considerei o livro um verdadeiro plot twist, daqueles onde todas as suposições não serão o suficiente.

Sou fã dos mistérios do subconsciente e Marcus soube explorar muito bem todos esses aspectos no enredo da história.  Uma leitura envolvente, que com certeza vai surpreender muitos leitores em sua jornada.



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O autor


Marcus Deminco é Escritor e Psicólogo brasileiro. Professor de Educação Física, tutor de Programação Neurolinguística e Dr. h. c. em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).