Eu
queria ter um balão. Faria cópias e mais cópias de A Mais Bela Melodia e sairia
pelo mundo, jogando páginas ao vento e deixando com que cada pessoa no mundo
pegasse apenas uma página, uma frase ou uma cena. Existem livros que você não
precisa chegar até o final para saber que vai ficar ali, gravado em cada
pedacinho do coração que, aliás, ainda está apertadinho depois do fim dessa
leitura.
Ativista ambiental ferrenha, Lorena
Sanchez não faz o tipo simpática. Prova disso é a ausência de amigos na escola
e também na vida. Mas Lorena não se importa em agradar ninguém, fazendo questão
de esbanjar rebeldia e ironia por onde passa. O que ninguém sabe, é que Lorena
esconde, sob a faixada de durona, as agressões de um pai que usa a imagem de
bom pastor para esconder sua autoridade, crenças e preconceitos.
"Eu
era filha de um monstro. Tinha picos de terror em mim também. Como poderia
derrotar algo, se pedaço dele vivia dentro mim, o tempo inteiro? Mas não iria
pensar nisso agora. Talvez em outro dia. Um dia menos frio e com uma lareira
que me ajudasse a encontrar a luz do sol. Por agora, estava na hora de voltar
para o escuro”.
Klaus Hunter é popular e provavelmente o melhor
músico que Esperança poderia ter. Encontrou em Adônis, seu melhor amigo, o
irmão e a família que nunca teve, pois abandonado pela mãe ainda na infância,
convive com o Delegado da cidade, um pai distante que não soube lidar com o
abandono da esposa.
Um incêndio na escola acaba fazendo com
que Klaus salve a vida de Lorena e seus dias passam a se revezar entre favores
devidos e guerras que atormentam toda a escola. E então Lorena é obrigada a
entrar para o musical que Adônis, Samuel, Dominic e toda a turma de Klaus fazem
parte.
Engana-se quem acredita que esse possa
ser mais um livro onde o casal protagonista se odeia e o amor acontece no final
da história. Tem disso, mas é apenas o começo do grande emaranhado que se
tornam suas vidas. Mesmo opostos totalmente um ao outro, o universo conspira
para a aproximação de Klaus e Lorena, ao mesmo tempo em que os problemas
sociais desses dois núcleos familiares vão sendo jogados sem piedade para o
leitor.
“Eu não era uma das loiras patricinhas que
desfilavam pela cidade com brincos de ouro comprado pelos pais e namoravam
caras bonitos e de sorriso maquiado. Eu era a porra da filha de pastor que
havia sido soldado e que tratava os filhos com experiência de guerra. Eu tinha
mais machucados no meu corpo do que a maioria do exército do estado inteiro. Eu
tinha cicatrizes na alma suficientes para montar uma história de arte bizarra.
Não estava a fim de deixar ninguém entrar, porque quando a gente deixava, as
pessoas iam e nos deixavam numa vala mais funda do que a que estávamos
anteriormente. E eu não queria isso. Não de novo.”
É um misto de sentimentos inexplicável.
É um romance imprevisível. Com um final arrebatador, que pela primeira vez na
vida me deixou com medo de seguir em frente.
Se as escolhas para os adolescentes já
são difíceis, imaginem quando você precisa escolher entre o amor da sua vida e
seu futuro. Entre ir ou ficar. Entre salvar uma vida ou permitir que ela acabe
se tornando apenas um eco de tudo que já foi. Às vezes parece que há apenas uma
alternativa, e é então que Klaus, Adônis e Lorena se envolvem em escolhas
difíceis e tomam decisões uns pelos outros, fazendo com que suas vidas tomem um
rumo totalmente inesperado.
“Minha
alma ainda doía, mas eu a consertaria. Faria o máximo de remendos possíveis, e
continuaria a viver com ela costurada. Era isso que todos faziam diariamente, e
era assim que eu faria.”
Psicologicamente falando, não resta
muito raciocínio nem palavras para descrever essa história, que traz uma carga
emocional enorme durante toda a narrativa. A forma como Carol escreve é
simplesmente esplêndida! Como leitora, desejo do fundo do coração que ela alcance
o maior número de leitores possíveis pelo mundo, A Mais Bela Melodia tem um
roteiro tão perfeito, que não ficaria nada menos do que maravilhoso em uma tela
de cinema. É uma pena nosso país não valorizar isso. Como futura escritora,
peço aos céus que um dia me permita escrever com tanta vida através das
palavras como Carol faz.
E-books disponíveis na Amazon:
A autora
Nascida em Maceió, Carol Teles sempre soube que seu universo pessoal estaria relacionado aos livros. Assim, tentou, primeiro, exercer a profissão de professora, que não deu muito certo, passando, então, para a de bibliotecária e, atualmente, para a de agente de saúde, além de ser mãe, blogueira e escritora. Leitora compulsiva, tem mais livros em casa do que roupas no armário. Apaixonada por Tolkien e D’Avenia, aprendeu a ser uma boa observadora das pessoas e de fatos da vida. Foi assim que começou a escrever textos pequenos, na escola, até que, de acordo com ela, do nada lhe surgiu uma ideia, a qual logo vislumbrou que culminaria em um livro. Juntou essa intuição à sua segunda grande paixão artística, a música, criando A Mais Bela Melodia.