sábado, 24 de dezembro de 2016

Alma Gêmea

Um dos maiores presentes que recebi neste ano foi conhecer o trabalho da autora Ana Ferrarezzi. A cada nova obra minha admiração por ela aumenta consideravelmente, tornando-se uma das minhas escritoras favoritas. Por este motivo, na véspera do natal, trago a resenha do livro “Alma Gêmea”, um dos meus favoritos, que certamente conquistará o coração de muitos leitores. Feliz Natal!


Lá, no meio da Floresta Amazônica, há uma tribo legendária – A Tribo Curupira. Joaquim acaba se deparando com um membro dessa tribo, em uma de suas expedições. Ele machuca seu pé, acaba sendo acolhido e se depara com o a planta sagrada capaz de transportar algo pelo tempo e espaço. Após muito esforço, convence o pajé a lhe dar uma amostra dessa planta. O pajé o alerta sobre o risco. Joaquim, aceita a responsabilidade. Com o tempo, Joaquim descobre o verdadeiro sentido das palavras desse sábio Pajé. Letícia encontra uma erva com cheiro de canela no seu Consultório de Psicologia. Decide tomá-la. Cai no sono. Então acorda em um corpo diferente em 1906. Ela não sabe como veio parar nesse corpo, nem tampouco entende como veio parar na França, testemunhando o vôo de consagração de Santos Dumont. Mas as circunstâncias a leva até Joaquim; o homem de seus sonhos. É uma bela história sobre o poder do encontro entre duas almas gêmeas, que vivem em épocas diferentes, que rompem a barreira do improvável para perceber que o sentimento que os une jamais pode ser quebrado. Venha explorar os segredos e mistérios do Alma Gêmea.


Leticia é uma psicóloga iniciando sua carreira profissional. Ainda tem poucos pacientes, mas sua profissão e seu consultório não são suas maiores preocupações.
Ainda muito jovem ela se casou com Glauber, um cardiologista promissor. Embora essa união lhe garanta certa estabilidade financeira, também é o foco de toda sua infelicidade. Mesmo casando sem amor, ela jamais imaginaria o inferno que os seus dias se transformariam. Glauber é sempre distante, não faz questão de passar um tempo com ela, preferindo sair do trabalho e se embriagar a voltar para sua esposa.

“Hoje estava tão certa quanto seu conhecimento e experiência permitia, que o amor era um sentimento supervalorizado.”

Já cansada dessa vida, Letícia começa a planejar seu futuro longe do homem que nunca amou. Ela conta com o apoio fervoroso de sua amiga Gisele para abandonar o marido e recomeçar.
Entre uma sessão e outra ela encontra um pacote com uma erva desconhecida com cheiro de canela. Consumindo-a cai em um sono pesado e se transporta para o ano de 1906, na França.
No inicio ela acredita ser um sonho absurdamente realista, mas como sempre volta para o mesmo lugar cada vez que dorme, entende que sua alma está viajando no tempo. Assim ela passa a viver a vida de Clarisse, uma garota em busca de justiça, que esta envolta em um perigoso plano para vingar a morte de seus pais.
Nessa viagem ela conhece Joaquim, um homem lindo, inteligente e espirituoso que concorda em ajudá-la em seus planos.
Nessa trajetória eles encontram diversos perigos em uma estrada de traições e mortes. Mas também encontram algo que não esperavam: o amor.
Diante disso eles terão de romper as barreiras do tempo e derrotar seus inimigos para viver esta linda história de amor.


Estou completamente apaixonada por este livro.
Amo histórias que envolvem viagens no tempo. Narrado em terceira pessoa, este romance traz ate o leitor uma história leve e divertida, recheada de mistérios e perigos. Onde cada passo é incerto e a única certeza é o amor de Joaquim e Letícia. Ainda conta com um embasamento em lendas brasileiras, o que torna a narrativa muito mais especial, resgatando nosso folclore da maneira mais encantadora possível.
Os personagens são cativantes e envolventes. Leticia é uma mulher interessante. Casou sem amor, forçada por uma situação e nunca encontrou um resquício de felicidade ao lado do seu marido. Glauber é um homem frio que não soube valorizar tudo que a esposa fez por ele. Ela é uma mulher inteligente, bonita e está disposta a se libertar dessa união para seguir em frente, talvez encontrar o amor verdadeiro e a tão sonhada felicidade.

“Seu marido era do tipo que dá a impressão de que é um livro aberto quando, na verdade, com o convívio, descobrem-se camadas impermeáveis em sua vida.”

Como todas as viajantes do tempo, ela acaba protagonizando cenas hilárias no passado. O choque entre os costumes é sempre um empecilho para todas as mocinhas que viajam entre as décadas. Ao conhecer Joaquim ela finalmente encontra o amor, ainda que mais de 100 anos estejam entre eles.
Joaquim é um engenheiro que revitaliza casas, como hobbie se dedica à botânica. Lindo, inteligente e espirituoso, sua boa aparência já o colocou em alguns apuros. Como resistir aos seus olhos azuis?

“Ela queria dar uma bofetada no meio daquele sorriso perfeito de Joaquim, até o faria, se aquele patife não vivesse em seus sonhos.”

Leticia não ficou imune a eles, logo se viu apaixonada, mas sabia que estar ao lado de Joaquim seria quase impossível.
Ainda que Joaquim tenha uma vida libertina, ele acredita no amor verdadeiro. Encontrá-lo em Leticia enquanto sua alma habitava o corpo de Françoise não estava em seus planos. Ele se apaixonou pelo seu jeito, por sua personalidade. Quando descobriu que sua amada na verdade vivia no século XXI, ele lutou contra tudo e todos para reencontrá-la, mesmo tendo que enfrentar as barreiras do tempo para estar ao seu lado.
Os personagens secundários também encantam. Depois de Joaquim, meu preferido foi seu primo Fernando, um cafajeste encantador, divertido e irônico, que faz tudo que pode para garantir que Joaquim e Leticia se encontrem novamente, mesmo que isso coloque sua própria vida em perigo. Juntamente com Anabelle, irmã de Françoise, eles participam do plano de vingança contra os assassinos dos pais das jovens e também da missão de Joaquim para encontrar sua amada. Amigos leais que se dedicam integralmente em ajudá-lo.
Gisele é a melhor amiga de Leticia e está sempre por perto. É a maior incentivadora da sua separação e a acompanha até o final da trama.
Em meio a tantas adversidades o amor deles não diminui, muito pelo contrario, cresce mais a cada dia. Leticia sabe que não poderá ser feliz com outro homem, e Joaquim, que sempre quis encontrar o amor, vê em Leticia a única chance de vivê-lo.
Mesmo com todo o romance que envolve a história, existem os perigos. Alguém está em busca da erva e fará de tudo para consegui-la, não importando quantas vidas se percam para alcançar este fim.

“Sei o quão é difícil confrontar seus demônios. Eu sempre os confronto de uma forma ou de outra... No entanto, algo que aprendi na vida é que não dá para evitar esse confronto. Isso porque seus demônios estão aí, na sua frente, a encarando. Não há como os ignorar.”

A narrativa alterna entre os anos de 1906 e 2015, podemos observar o que cada um está vivendo, e também perceber que o passado e o presente são vividos ao mesmo tempo.
O livro é extremamente envolvente. Depois que comecei a leitura, não consegui mais parar. Joaquim e Fernando entraram para a minha listinha de personagens favoritos.
Incluir a lenda da tribo Curupira na história foi um grande diferencial. Lemos tanta coisas sobre a cultura estrangeira, que às vezes nosso próprio folclore fica esquecido e é de suma importância que ele seja relembrado. Nada melhor para isso que incluí-lo em um romance tão arrebatador.
Sou uma admiradora fervorosa do trabalho da autora e este livro virou o meu favorito. Amo este tema. Já havia me encantado com a série Perdida, da autora Carina Rissi, e Outlander, de Diana Gabaldon. Alma gêmea conseguiu me conquistar da mesma maneira, superando todas as minhas expectativas.  A escrita é leve e descontraída, marca registrada da autora, isso envolve o leitor de tal forma, que o tempo voa enquanto lemos. Fiquei encantada e apaixonada, torcendo sempre pelos personagens.
Simplesmente sensacional. Recomendo a todos que gostam de livros neste formato. Deem uma chance a Joaquim e aproveitem a viagem.

 “Meu pai sempre diz que um louco é, na verdade, uma pessoa normal que fala uma verdade na qual os outros não estão preparados para ouvir.”

Adquira seu exemplar clicando aqui.


Título: Alma Gêmea
Autor: Ana Ferrarezzi
Editora: Autografia
Ano: 2016
Páginas: 295

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O inverno que não acabou e outros contos

A beleza e obscuridade do cotidiano são descritos nos contos deste livro. A resenha de hoje é sobre o livro “O inverno que não acabou e outros contos” do autor Adriano de Andrade.

Um homem lutando contra as suas – amargas – lembranças; um psicopata oculto perturbando sua vítima em um cenário obscuro; dois mundos distintos que seguem caminhos paralelos e quase se cruzam; um erotismo imaginário preenchido com sofrimento alheio; o sonho perdido de uma criança e o vício na vida de um gênio. Elementos que compõem as narrativas curtas deste livro; uma seleção de contos para colocar suas sensações à flor da pele. Em um universo que percorre diferentes cenários relacionados às aflições que cercam o indivíduo, O inverno que não acabou e outros contos revela a eterna alternância dos sentimentos que resumem a esperança e a descrença na atitude humana.



Esta obra é a tradução da vida humana, dos sentimentos que acompanham nossos dias, fatos que nos deparamos. Nela é possível observar a dinâmica dos relacionamentos amorosos e familiares, o desespero, a ganância e muitos outros.

“Coincidência ou não, era exatamente disso que eu precisava. Ser redescoberto. Ou me redescobrir. Tanto faz.”

Escrito de forma clara e agradável as situações mais comuns são retratadas, escavando as emoções humanas e expondo a forma como elas afetam as pessoas. O livro não é focado em polemizar, embora alguns assuntos tratados possam ser considerados polêmicos, mas sim nos momentos mais corriqueiros, tanto bons, como ruins.

“O que eu realmente queria era deixar meu passado em algum lugar, distante e guardado, para que ninguém mexesse nele, como se isso fosse possível.”

Violência doméstica, ciúmes, decepções, escuridão, pobreza, vícios, loucura, sedução, abandono, nostalgia, reencontros são alguns assuntos tratados nestas páginas.

“(...)As coisas são cíclicas, precisam sempre de renovação.”

A linguagem leve possibilita uma leitura diferente. Posso afirmar que de todos os livros de contos que já li este foi o que mais me cativou.
Atribuo isso ao equilíbrio entre humor e descontração para tratar de assuntos sérios, e mesmo nos contos mais sombrios, a linguagem ainda se sobressai, engrandecendo a experiência do leitor.
O autor soube mostrar todas as belezas do dia-a-dia que acabam se perdendo na correria diária. E também o quanto a mente humana pode ser sombria e assustadora em determinados momentos.

“Estranho como as coisas mudam de repente. Mas não dá mudar assim tão rápido.”

A vida corrida, quase sempre na busca pela materialidade, nos atinge com uma cegueira temporária seletiva. Enxergamos o que fazemos e vivemos, mas não o que tudo isso significa.

“Encontrou no mar um confidente de paciência inesgotável.”

Perdemos o tato de apreciar a obra de arte que é a nossa jornada na terra. Não deixamos tempo para observar a verdadeira beleza ao redor.

“A vida começa de forma mágica.”

E é isso que Adriano nos traz: que podemos tirar algo interessante desses momentos que passam despercebidos.

“Nenhum pesadelo é tão ruim que os olhos não o façam piorar.”

Os meus contos favoritos foram: Conversa de asfalto, que usa seres inanimados para ilustrar os ciclos da vida, e Roda de amigos, que fala sobre reencontros e aceitação. Sobre a importância de respeitar os semelhantes.

“As marcas que você carrega revelam o quanto você foi útil na vida de muita gente.”

A capa dá uma ideia de um livro sombrio, e embora alguns contos possam ser considerados perturbadores, não há apenas este formato, logo irá agradar um público mais vasto.

“As janelas batiam por conta de um vento inquieto e raivoso, disposto a varrer minhas memórias daquele lugar.”

Recomendo a leitura. Aproveitem a leveza e beleza dessa obra e reflitam sobre aquelas pequenas coisas que nos esquecemos de pensar no dia-a-dia, mas são extremamente importantes.

“Quer sentir felicidade amanhã, é só imaginar o que tá acontecendo hoje.”

Adquira seu exemplar clicando aqui.



Título: O inverno que não acabou e outros contos
Autor: Adriano de Andrade
Editora: Novo Século
Ano: 2015
Páginas: 144

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Namorado de Aluguel


          Boa Dia povo! Venho postando pro além há um certo tempo... mas vamos lá! Bem como a lição que Namorado de Aluguel passa, não importa o número de visualizações ou likes aqui, o importante é que eu li e AMEI esse livro mais que fofo! :) kkk



Gia Montgomery é a típica garota popular de sua escola. Prestes a se formar, seu nome é reconhecido pela escola toda, não que ela soubesse do nome de seus próprios colegas. Uma imagem que construiu a muito custo e agora está ameaçada por Jules, uma garota que se infiltrou em seu grupo de amigas e parece fazer até o impossível para tirar Gia de seu posto.

O baile de formatura é a chance perfeita para Gia provar que não anda inventando Bradley, seu namorado universitário que devido à distância, mantêm raros encontros com Gia e ainda não fora apresentado às suas amigas. O que Gia não imaginava é que Bradley terminaria seu namoro justamente no estacionamento do baile, arruinando sua chance de mostrar a Jules que ele era real.

De uma hora para outra, Gia se vê em um beco sem saída. Como entrar desacompanhada em um baile, onde provavelmente seria coroada rainha? Seria o fim! Jules provaria que ela era uma mentirosa. Tudo estaria arruinado!

E então, a solução perfeita aparece. Enquanto ela implorava para que Bradley entrasse no baile com ela e deixasse para terminar no fim da festa, (sim, ela recorreu ao último grau de desespero) um garoto havia chegado ao estacionamento e aparentemente esperava alguém que estava no baile, já que lia um livro ali, dentro do carro; ele era o cara perfeito para se passar pelo Bradley, mesmo que fosse por poucas horas.

Sob o olhar desconfiado e especulativo de Jules, tudo termina mais ou menos da forma como Gia esperava. Uma contradição gritante, eu sei, mas para não se passar por mentirosa, ela acaba se enrolando em um amontoado de mentiras que parecem não ter fim, o que se multiplica quando a irmã do seu namorado de aluguel, que por sinal não simpatiza nada com ela, precisa que ela pague o favor a seu irmão e se passe por sua namorada na festa da ex.

Gia sempre foi muito superficial, o típico estilo de garota popular que tem uma vida bombada nas redes sociais, mas na realidade não passa de uma pessoa solitária em uma família de boa aparência.

"— Raramente encontramos profundidade quando a procuramos dentro de nós mesmos. A profundidade é encontrada no que podemos aprender com as pessoas e as coisas que nos cercam. Todo mundo, todas as coisas, têm uma história, Gia. Quando você conhece essas histórias, descobre experiências que a preenchem, expandem sua compreensão. Você acrescenta camadas à sua alma."

No momento em que ela encontra conforto nas pessoas mais improváveis, Gia inicia um resgate de sua própria imagem. Tentando ser uma pessoa melhor, ela percebe o mundo a seu redor e coisas que antes tinham extrema importância, parecem agora sem sentido algum. Os dias passam e ela se vê mais próxima de Hayden () e sua família, no mesmo tempo em que suas amigas vão se tonando mais e mais estranhas. Gia tem uma verdade a revelar e contar a verdade a suas amigas parece um grande desafio, mas é justamente quando tudo parece se ajeitar que o verdadeiro Bradley volta ameaçando estragar tudo.

Namorado de Aluguel é um livro leve e ao mesmo tempo profundo. Os dramas da adolescência refletem fielmente a realidade. A busca por prestígio social através de redes sociais é algo buscado permanentemente pelos jovens e a lição que ele passa sobre a aprovação ou não de tudo que fazemos e publicamos é incrível.

Extremamente FOFO! Namorado de Aluguel fala sobre amizade, maturidade e outros temas tão presentes na adolescência. Hayden é um garoto amado, lindo e fofíssimo. Amo livros que não se prendem a amenidades, os diálogos e as cenas são muito bem construídos e em momento algum a leitura se tornou monótona.


Eu gosto muito de livros com temas que tratam sobre convívio social e bullying. E o romance de Kasie West oferece justamente isso ao leitor, ao mesmo tempo em que entendemos certas ações, mesmo que muito sem noção dos personagens, percebemos o quanto é especial estar do outro lado, do lado dos “deslocados”, do lado dos que realmente vivem.