A resenha de hoje é “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, um clássico
da literatura nacional que, além de ainda ser sucesso, permanece na lista de
leituras obrigatórias de muitos vestibulares.
Bentinho e Capitu são criados juntos e se apaixonam na adolescência. Mas a mãe dele, por força de uma promessa, decide enviá-lo ao seminário para que se torne padre. Lá o garoto conhece Escobar, de quem fica amigo íntimo. Algum tempo depois, tanto um como outro deixam a vida eclesiástica e se casam. Escobar com Sancha, e Bentinho com Capitu. Os dois casais vivem tranquilamente até a morte de Escobar, quando Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de sua esposa e percebe a assombrosa semelhança do filho Ezequiel com o ex-companheiro de seminário.
Bento de Albuquerque Santiago
(Bentinho) era órfão de pai e foi criado pela mãe Dona Glória, pelo padrinho
José Dias e pelos tios Justina e Cosme.
"Casmurro não está aqui no sentido
que lhes dão, mas no que lhe pôs o vulgo homem calado e metido consigo. Dom,
veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo."
Capitolina Pádua (Capitu), com seus
olhos de cigana oblíqua e dissimulada, era muito provocante, apesar da
aparência inocente.
“Retórica dos namorados, dá-me uma
comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não
me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles
foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia
daquela feição nova. Traziam não sei quanto fluido misterioso e enérgico, uma
força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias
de ressaca.”
Narrada em primeira pessoa, pelo
próprio Bentinho, agora um senhor maduro, a história se passa em meados do
século XIX, no Rio de Janeiro.
Na adolescência, Bentinho e Capitu eram
vizinhos na Rua de Mata-Cavalos e da amizade entre eles, nasceu uma paixão.
Porém, o casal foi separado quando Bentinho, em razão de uma promessa da mãe,
foi obrigado a ir para o seminário.
"A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele
instante. Não esqueças que era a emoção do primeiro amor."
No seminário, Bentinho conheceu
Ezequiel de Sousa Escobar, também seminarista, e que se tornou seu melhor
amigo.
"Quando ele
entrou na minha intimidade pedia-me freqüentemente explicações e repetições
miúdas, e tinha memória para guardá-las todas, até as palavras. Talvez esta
faculdade prejudicasse alguma outra."
Bentinho abandonou o seminário, estudou
Direito e casou-se com Capitu. Após dois anos de casados, Bentinho lamenta o
fato de ainda não terem filhos e é aconselhado pelo amigo Escobar e sua esposa,
Sancha.
Quando, finalmente, Capitu engravida, o
casal resolve batizar o filho de Ezequiel, em homenagem ao grande amigo de
Bentinho.
Passados alguns anos, Bentinho começa a
desconfiar que Capitu possa tê-lo traído. Ao ver uma foto de Escobar quando era
jovem, Bentinho enxerga traços parecidos com o do seu filho Ezequiel. No
enterro de Escobar, que morreu afogado, Capitu parece desesperada demais,
aumentando as suspeitas de Bentinho.
"Momento houve em
que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem
palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se
quisesse tragar também o nadador da manhã."
Ezequiel torna-se cada vez mais
parecido com Escobar. Bentinho, consumido pelo ciúme, chega até a arquitetar os
assassinatos do filho e da esposa e seu suicídio mas desiste do plano por não
ter coragem suficiente para executá-lo.
Após a separação, Capitu viaja para a
Europa com o filho, onde morre anos depois. Ezequiel retorna para o Brasil a
fim de visitar o pai, o qual o acha ainda mais parecido com Escobar. Ezequiel
parte para uma nova viagem e morre de febre tifóide.
"A
voz era a mesma de Escobar, o sotaque era afrancesado. Expliquei-lhe que
realmente pouco diferia do que era, e comecei um interrogatório para ter menos
que falar e dominar assim a minha emoção. Mas isto mesmo dava animação à cara
dele, e o meu colega do seminário ia ressurgindo cada vez mais do cemitério.
Ei-lo aqui. diante de mim, com igual riso e maior respeito; total, o mesmo
obséquio e a mesma graça."
Imerso em suas dúvidas, Bentinho,
apelidado de Casmurro por amigos e vizinhos, resolve escrever a história de sua
vida: o romance Dom Casmurro.
"E
bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o
resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão
extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem
juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!"
Com seu estilo único de escrita,
carregado de ironias, Machado de Assis conduz o enredo de forma leve e, por
vezes, dúbia, cabendo ao leitor decidir se tudo não passou da imaginação
provocada pelo ciúme que Bentinho sentia de Capitu ou se ela realmente o traiu.
Recomendo a leitura!
MINISSÉRIE
Para homenagear o
centenário da morte de Machado de Assis, em 2008, a Rede Globo produziu,
baseada no romance “Dom Casmurro”, a minissérie “Capitu”, com os atores Michel
Melamed (Bentinho), Maria Fernanda Cândido (Capitu) e Pierre Baitelli
(Escobar).
Título: Dom Casmurro
Prova da fantástica literatura brasileira, e do grande talento de Machado de Assis. Sou louca para ver a minissérie, mas infelizmente não a encontro completa em nenhuma lugar 😢😢
ResponderExcluirEu vi quando passou na Globo mas queria muito assistir de novo. No YouTube tem vários vídeos de capítulos da minissérie, acho que pode estar completa só tem que descobrir a ordem pra assistir
ResponderExcluirJá li esse livro na escola, uma ótima leitura. Você consegue entende bastante coisas da época em que se passa. Amei a resenha <3
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