E essa resenha gente? Não tem como definir esse livro numa resenha! Mas com certeza é um dos livros mais ricos em quotes e pensamentos vivos que já li. Jennifer Niven entrou para as autoras favoritas, e sim, leio tudo que ela escrever.
Theodore
Finch está desperto novamente. Após dias de blecautes onde mal se lembra do que
aconteceu, em especial as datas festivas do último fim de ano, ele acorda e não
sabe exatamente por quantos dias ficará assim. E enquanto espera os dias de
escuridão chegarem novamente, ele se pergunta todos os dias: "Hoje é um bom dia para morrer?" É
quando se vê a seis metros de altura, prestes a pular da torre do sino da
escola, que ele descobre que não está sozinho.
Violet
Markey é o tipo de garota que leva uma vida perfeita, mas tudo acaba no dia que sua
irmã, Eleanor, é vítima de um acidente de carro que apenas Violet sobrevive.
Sentindo-se culpada, ela se afasta de tudo e de todos e sem saber como, vê-se
também no alto da torre do sino da escola, prestes a pular. Apavorada quando as
pessoas lá embaixo começam a notá-la, Finch a ajuda a sair dali sã e salva, no
que mais tarde fica conhecido como o dia em que Violet Markey salvou a vida de
Theodore Aberração, o aluno mais suicida de todos os tempos da escola de
Bartlett.
Quando
o professor de geografia passa um trabalho para a turma no qual eles devem
visitar lugares de Indiana, Violet se vê encurralada quando Finch, diante de
toda a turma, a convida para ser sua dupla na tarefa. Sem mais desculpas sobre
não estar preparada, ela e Finch se aventuram por lugares onde nunca pensaram
visitar.
“[...]tenho no carro um mapa que
praticamente pede pra ser usado, e existem lugares que precisam ser vistos.
Talvez ninguém nunca vá até lá nem valorize esses lugares nem se dê o trabalho
de pensar o quanto são importantes, mas talvez até o menor deles tenha algum significado.
Se não tiverem pros outros, talvez tenham pra gente. No mínimo, quando a gente
for embora, saberemos que pelo menos os visitamos. Então vamos. Vamos até lá.
Vamos fazer alguma coisa. Vamos sair do parapeito.”
Inevitavelmente, essa
improvável amizade se transforma em um amor verdadeiro e único. Finch mostra a
Violet uma forma nova de ver a vida e aos poucos ela vai recuperando a esperança
de viver e ser feliz.
“Sinceramente, Violet, não sei por que a galera
não gosta de mim. Mentira. Quer dizer, eu sei e não sei. Sempre fui diferente,
mas pra mim diferente é normal.”
Como
ser o que lhe dá na telha se sempre está sendo julgado pelos olhos da sociedade?
Por Lugares Incríveis é mais um daqueles livros que me fazem refletir sobre os
relacionamentos sociais. As pessoas estão se tornando uma massa homogênea, onde
quem é “diferente” deve encarar sem medo os rótulos atribuídos às suas
características ou sofrer as consequências. Finch não se importa com isso, ele
escolhe uma personalidade diferente a cada semana, “Finch Canalha, Finch Largado, Finch Fodão, Finch anos 80.” Ele não
se importa, mas infelizmente compreendemos todo o impacto do que é uma pessoa
ser tachada como diferente.
“Quero me afastar do estigma que todos eles
sentem só porque têm uma doença no cérebro e não, digamos, no pulmão ou no
sangue. Quero me afastar de todos os rótulos. “Tenho TOC”, “Tenho depressão”,
“Eu me corto”, eles dizem, como se essas coisas os definissem. Tem um coitado
que tem déficit de atenção, é obsessivo-compulsivo, tem transtorno de
personalidade limítrofe, é bipolar e, ainda por cima, tem um tipo de transtorno
de ansiedade. Eu nem sei o que é transtorno de personalidade limítrofe. Sou o
único que é só Theodore Finch.”
A
perspectiva de Finch me trouxe a realidade da tristeza profunda. Nunca entendi
os motivos dessa “doença” a que chamam depressão. Acreditava que a cura estava
em ajudar a si próprio, procurar a felicidade no dia a dia e viver. Mas isso se
mostrou inútil na história de Jennifer Niven, Finch pode até assumir as personalidades desejadas e não se
importar com os rótulos que ganha, mas lá no fundo, algo sempre está falando
mais alto.
“Ao andar pelos corredores, não há como prever o
que Finch Fodão vai fazer. Dominar o colégio, a cidade, o mundo. Será um mundo
de compaixão, de amor ao próximo, de amor entre alunos ou, pelo menos, de
respeito entre as pessoas. Sem julgamentos. Sem xingamentos. Nada, nada, nada
disso.”
E ele encontra? Aquela imensidão azul pode ser o caminho.
E ele encontra? Aquela imensidão azul pode ser o caminho.
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